Periodização
Convencional
Segundo
Alves B. (2006) Relativamente a Periodização Convencional, existe um
estudo realizado por Martins (2003), que identifica duas tendências: uma
tendência procedente do Leste da Europa e outra do Norte da Europa.
O mesmo
autor agora citando Oliveira, J.G. (2004) a tendência de leste da Europa
fomenta a dimensão física, vista de forma abstracta, como dimensão
prioritária para o rendimento desportivo, quer da equipa quer do jogador.
Alves
(2006) afirma tendência oriunda do norte da Europa elege a dimensão
física como a de maior importância no desempenho do jogador e da equipa.
No entanto, já reconhe-se que a dimensão deve ser tratada consoante a
especificidade da modalidade e que em alguns momentos do treino esta deve
ser treinada através dos exercícios específicos da modalidade. Nesta
tendência são consideradas as diferentes exigências requeridas no jogo
conforme as posições ocupadas pelos jogadores em campo, dando
relevância aos testes de condição física de controlo e direccionando
do processo de treino citando Oliveira, J.G. (2004).
Alves
(2006) citando (Carvalhal, 2001) considera que o entendimento das acções
de Periodização de Treino de Futebol se fundamenta nos seguintes
aspectos: trabalho dito de preparação física como dominante, com cargas
muito violentas e exageradas; muitas corridas em montes ou praias;
circuitos de trabalhos de força efectuados num período dito
preparatório que não são efectuadas ao longo do ano a não ser nas
semanas de paragem do campeonato; a ausência (ou quase ausência ) da
definição do que deve ser efectivamente modelo de jogo e a escassa
operacionalização no terreno incremento da dimensão dita
táctico-tecnica (fundamentalmente treinos de conjunto e treinos de posse
de bola) sobre um contexto de fadiga acumulada; um grande desequilíbrio
no binómio carga /recuperação com muito pouco tempo de regeneração;
uma hiper valorização do volume (quantidade de ….) em relação a
intensidade.
Caixinha
(2001) afirma que Ségui (1981), defensor da periodização tradicional de
Matveiev, aponta como factores que mais influem na periodização do
treino de futebol, os seguintes:
-
a variação das condições climatéricas nas diferentes épocas do ano;
-
o calendário competitivo e;
-
as fases da forma desportiva.
Segundo
Oliveira, R. (2005) caracteriza a Periodização Convencional com os
seguintes pontos:
Exacerba a
componente física relativamente a todas as outras dimensões.
Divide (em
períodos, fases, factores, etapas, etc.) uma realidade complexa (futebol)
na tentativa de controlar e quantificar esses "compartimentos".
Divide a
época em 3 grandes períodos, um preparatório, o competitivo e outro de
transição.
Proclama a
necessidade de atingir objectivos relacionados com qualidades ou
capacidades "físicas" abstractas (resistência, força,
velocidade, etc.), nos diversos períodos e fases, de forma a poder passar
ás seguintes.
Período
de preparação longo.
Requisita
como imprescindível o Período Preparatório (fundamental) como base
sólida para toda a época desportiva do futebol.
Preparação dividida em duas grandes fases: a geral e a especifica, sendo
que a primeira serve de alicerce da segunda.
O período
competitivo está dividido em 3 períodos: um primeiro de desenvolvimento
e conservação da "forma", um segundo de reconstrução da
forma e por fim, um terceiro de conservação da forma. Completando esta
ideia, Carvalhal (2001) afirma que, a periodização convencional tem
imperativamente que dividir em: etapas; ases; ciclos <<picos de
forma>>; entre outros aspectos e onde as diferentes dimensões que
nele interagem; táctica, técnica, psicológica e estratégica, são
estudadas de forma isolada.
Manso et
al. (1996), o calendário de competições em que se desenrola o nosso
desporto vai determinar o momento ou momentos da temporada em que o
desportista deve estar num alto nível de rendimento.
Sobrevaloriza a componente volume (entendido como quantidade de...)
relativamente à intensidade numa grande parte do Período Preparatório.
As
componentes volume e intensidade, aparecem aqui numa dimensão Universal,
abstracta.
A
intensidade das cargas inicia-se com valores muito baixos, aumentando
gradualmente, enquanto que o volume numa primeira fase vai aumentando até
um valor máximo descendo depois até valores intermédios numa segunda
fase Carvalhal (2001).
Transporta
a noção de que não é possível manter a "forma" durante toda
a época competitiva. Originando a procura de "picos de forma",
com base nos efeitos retardados das cargas.
Numa
primeira fase existe uma elevada incidência na preparação/treino geral
em detrimento do específico, acontecendo o posto numa segunda fase.
Podemos
então depreender que a Periodização convencional é baseada numa
analise estritamente física e encara a preparação de uma equipa
individualmente, caso a caso. Visa a melhoria das capacidades
condicionais, pois a sua principal preocupação é a forma, mas
sempre em termos físicos, quantitativos. O estado de forma procurado é
essencialmente físico, (quantitativamente) (Oliveira, 2003).
Periodização Táctica
É sabido
que a água (H2O) é um meio essencial para apagar o fogo, no entanto, se
separarmos as suas componentes, hidrogénio (H) e oxigénio (O) qualquer
uma destas ao invés de apagar o fogo, incandesce-o ainda mais.
Periodizar, segundo o dicionário da língua portuguesa contemporâneo
elaborado pelo instituto de lexicologia e lexicografia da academia das
ciências de Lisboa, significa dividir em espaços de tempo ou períodos
de extensão ou duração variável, estabelecer períodos.
O conceito
de sinergia é essencial para a aplicação do conceito de
periodização. Sinergia significa que o todo é mais do que a soma das
partes. Na noção de sinergia está implícito o facto de não haver
nenhuma componente do treino que, tomada isoladamente possa ser
considerada mais importante do que as outras (Gambeta, 1993).
Mourinho
(2001), define a periodização como "Aspecto particular da
programação, que se relaciona com uma distribuição no tempo, de forma
regular, dos comportamentos tácticos de jogo, individuais e colectivos,
assim como, a subjacente e progressiva adaptação do jogador e da equipa
a nível técnico, físico, cognitivo e psicológico".
Um plano
táctico não é realizável se não assentar sobre uma base táctica com
participação importante das capacidades cognitivas, das habilidades
técnicas, das capacidades físicas e de um modo geral das qualidades
psíquicas do jogador Mombaersts (1998).
Segundo
Neto (1999) por periodização, compreende-se a divisão do ano de treino,
em períodos particulares de tempo com objectivos bem determinados, de
modo a permitir o cumprimento de objectivos inerentes ao processo de
treino desportivo.
Castelo
(1994) refere que da reflexão conceptual do jogo de futebol emerge a
necessidade da construção e unificação de um modelo técnico-táctico
do jogo, de forma a definir a sua lógica interna, a partir da
observação e analise das equipas mais representativas de um nível
superior de rendimento.
No
processo de treino periodizado, o processo de treino tem forte influência
de modelo de jogo implementado.
Alves, B.
(2006) citando Jorge, 1998; Konzag, 1991; Tschiene 1994) que o processo de
treino deveria promover a integração das diferentes dimensões
(dimensões física, técnica, táctica, e psicológica) numa unidade
dialéctica que o levou a construção desta concepção de treino, onde
as diversas dimensões são integradas.
Caixinha
(2001) citando, López López et al. (2000), considera que nos desportos
de equipa, o processo de periodização tradicional implica
inconvenientes, no que se refere ao alcance de um elevado rendimento, que
se centram especialmente em:
-
Período competitivo demasiadamente longo (9 meses);
-
Elevada frequência de competições (2 a 4 por semana);
-
Desenvolvimento complexo de muitas capacidades em simultâneo;
-
Numerosas posições específicas (funções) dentro do jogo;
-
A não existência de períodos de repouso alargados entre os ciclos de competições;
-
Existência de necessidades económicas e publicitárias que exigem realizar competições no período preparatório e até no período transitório.
Em
relação ao trabalho da condição física Bangsbo (1996) afirma que este
deve ser feito com bola:
-
Em primeiro lugar, treina-se os grupos musculares específicos usados no futebol.
-
Em segundo lugar, os jogadores desenvolvem capacidade técnico táctica em condições similares as encontradas durante uma partida de futebol.
-
Em terceiro lugar esta forma de treinar, produz maior motivação nos jogadores em comparação do treino sem bola.
O autor
continua dizendo não obstante quando se leva a cabo um treino com bola,
pode ser que os jogadores não trabalhem com suficiente intensidade, a
muitos factores, tais como as limitações tácticas, podem reduzir a
intensidade do exercício. Para incrementar as exigências de um jogo de
treino podem introduzir-se novas normas.
Treino Integrado
Segundo
Oliveira, J.G. (2004) um dos aspectos que distingue a Periodização
Táctica da concepção de Treino Integrado é que o Jogo é constituído
a partir do treino e não ao contrário. Existe uma articulação de
sentido onde as ideias de jogo e do treinador são a referencia.
Alves B.
(2006) completa dizendo na Periodização táctica o treinador através do
treino cria o jogo que pretende para a sua equipa (a referencia é sempre
o modelo de jogo por si criado), enquanto o Treino Integrado o Treinador
desmonta o jogo, na sua complexidade, e transporta para o treino para que
determinados comportamentos sucedam.
Na
revisão bibliográfica, por nos consultada, retiramos a ideia que no
treino integrado existe o fundamento da parte “física” complementada,
com os aspectos táctico/técnicos. Esta teoria contempla as duas forma de
modelo de treino, deixando ao treinador o cunho pessoal para jogar com o
equilibro, ou desequilibro, das partes sobre o treino.
Carvalhal
(2004) difere duas concepções de treino: “ há dois tipos de treino
com bola; o integrado e o sistémico. No primeiro a bola esta presente mas
de forma subordinada ao Modelo de Jogo. Nós preconizamos o outro género,
em que a bola esta presente desde o primeiro, segundo dia de trabalho com
o intuito de modelar os jogadores, colectiva e individualmente, a nossa
forma de jogar. E mesmo quando ele não está presente o nosso objectivo
é sempre a nossa forma de jogar.
Bibliografia
-
Alves, B.(2006) (In) Congruências na relação entre Clubes e Selecções Nacionais de Futebol, monografia realizada no âmbito da disciplina de seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto Educação Física, na área de Rendimento – Futebol, FCDEF-UP
-
Caixinha P.(2001) A periodização do treino no futebol de formação – uma perspectiva crítica, Mestrado em treino do jovem atleta Planeamento do treino, Lisboa.
-
Carvalhal, C. 2001; No Treino de Futebol de Rendimento Superior. A RECUPERAÇÃO … MUITÍSSIMO MAIS QUE “RECUPERAR” Industrias Gráficas; Braga
-
Carvalhal, C. (2004). Entrevista Jornal O Jogo. 18 de Julho
-
Castelo, J. (1994): Futebol – modelo técnico-tactico do jogo. Ed. FMH. Universidade de Lisboa
-
Gambeta, V. (1993). Novas tendências na teoria do treino desportivo. Revista Horizonte,
-
Manso, J.; Valdivielso, M. E Caballero, J. (1996). Bases teóricas del entrenamiento deportivo. Principios e aplicaciones. Gymnos Editorial. España.
-
Mombaerts, E. (1998): Entrenamiento Y Rendimiento Colectivo. Editorial Hispano Europea S.A. – Barcelona.
-
Mourinho, J. (2001): "Programação e periodização do treino em futebol" in palestra realizada na ESEL, no âmbito da disciplina de POAEF.
-
Neto, J. (1999). A preparação física e psicológica do árbitro de futebol. Edições Asa
-
Oliveira, J. G. (2003): "Organização do jogo de uma equipa de Futebol. Aspectos metodológicos na abordagem da sua organização estrutural e funcional." Documento de apoio das II Jornadas técnicas de futebol da U.T.A.D.
-
Oliveira, J.G. (2004). O conhecimento especifico em futebol. Contributos para a definição da uma matriz dinâmica do processo de ensino – aprendizagem /treino do jogo. Tese de Mestrado (não publicada), FCDEF-UP
-
Oliveira, R. (2005): “A planificação, programação, e periodização do treino em futebol. Um olhar sobre a especificidade do jogo de futebol”, Treinador de futebol Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro - Vila Real http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires.FONTE: http://www.efdeportes.com/efd122/periodizacao-convencional-tactica-e-treino-integrado.htmANTONIO BARBOSADOUTORANDO EM CIÊNCIAS DO DESPORTO - PORTUGAL
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