domingo, 9 de outubro de 2011

EMPREGANDO UMA NOVA METODOLOGIA NA PRÉ-TEMPORADA

Várias são as metodologias usadas por treinadores e preparadores físicos. Essa fase requer especial atenção por parte de todo o corpo técnico do clube, pois o sucesso da equipe na temporada depende muito desse período (mas não só dele). 

 
Durante muito tempo me vi preso a questões que nada tinham a ver com o jogo propriamente dito. A obsessão por curvas de treinamento, picos de forma, vo2máx, Limiar anaeróbico, etc. não me deixavam enxergar o principal: o jogo! Sempre gostei de ''treinar com bola'',  mas sempre com o pensamento voltado exclusivamente para a dimensão física. hoje, estou tendo a oportunidade de ''tentar'' implantar a periodização tática e enxergar o treino de uma forma mais específica (achava que já fazia isso, só por ''treinar com bola''). Deixar o modelo de jogo pretendido guiar o processo e não a dimensão física, é o primeiro passo para a compreensão da periodização tática. 

Na pré-temporada a questão da avaliação da forma física é levada muito à sério pelos preparadores físicos. Testes intermitentes em campo (YoYo test, soccer test etc.), testes de potência anaeróbica (300m, rast test etc.), testes em laboratórios (ergoespirometria, wingate, dinamômetro isocinético etc.), são exemplos mais comuns de avaliações utilizadas no Brasil.  A preocupação em atribuir  um nível de performance inicial aos jogadores, para só então, a partir daí, planificar toda a temporada parece-me, hoje, reducionista demais. O futebol é muito mais complexo. Durante minha trajetória profissional, nunca foi difícil observar atletas que nas avaliações eram os ''mais bem preparados'', terem desempenhos pífios nos jogos. E nunca foi raro ver o contrario acontecer também. Portanto observamos que, valorizar por demais somente uma dimensão parece ser um equívoco.       

A  interdependência volume/intensidade sempre se constituiu, também, numa preocupação exacerbada. Mourinho fala o seguinte sobre esse tema:

'' Existe a idéia comum de que o período preparatório difere do período competitivo em termos de volume e intensidade de trabalho. Refere-se a necessidade de se começar com volumes de trabalho elevados, mas com intensidades baixas, para depois, com a aproximação da competição, se inverter a lógica. Tudo isto é perspectivado segundo um ponto de vista puramente físico. Eu não acredito nisso e, para mim, os dois períodos são em tudo iguais. E o que eu entendo por intensidade difere totalmente do significado que normalmente se lhe atribui.(...) Eu parto do princípio de que a melhor forma de recuperar as perdas decorrentes das férias é trabalhar desde logo a intensidades máximas relativas, associadas àquilo que é a especificidade do nosso jogo. Portanto, não acredito no aumento do volume, nem na inversão do volume pela intensidade. Por exemplo, aquilo a que normalmente se chama resistência aeróbia e convencionalmente se diz conseguir com volume de trabalho também se consegue com a acumulação das intensidades máximas relativas.''  




As valências físicas são outro fator merecedor de atenção na periodização convencional ou  integrada. Na periodizaçao tática, essa dimensão vem por ''arrasto'', como consequencia de um treinamento que privilegia o todo, e não uma parte que se sobressai sobre o todo. Sobre isso, fala Mourinho:

''Eu não perspectivo a força, a resistência e a velocidade de um ponto de vista quantitativo, mas contextualizadas àquilo que é o futebol e, fundamentalmente, à nossa forma de jogar.''



Na periodização tática a dimensão física não é deixada de lado como muitos podem pensar, ela apenas não é encarada como ''a mais importante'' do processo. 

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