quarta-feira, 9 de novembro de 2011

PERSPECTIVAS ATUANTES NO MICROCICLO DO TREINAMENTO DE FUTEBOL

 Na nossa perspectiva, um dos principais factores que suscitam dúvida no reino do treino em Futebol é a dinâmica das cargas de treino e a respectiva estrutura do microciclo. Weineck (1999) afirma que o microciclo trata dos estímulos utilizados neste período, bem como da variação dos exercícios e tarefas principais de cada sessão de treino.

 




 
Na nossa perspectiva, um dos principais factores que suscitam dúvida no reino do treino em Futebol é a dinâmica das cargas de treino e a respectiva estrutura do microciclo. Weineck (1999) afirma que o microciclo trata dos estímulos utilizados neste período, bem como da variação dos exercícios e tarefas principais de cada sessão de treino.


Neste seguimento, vários autores clamam pela padronização do microciclo, ou existência do chamado microciclo tipo, visando equipas mais rentáveis. Mas Minano Espín (2002) refere que o tipo de trabalho realizado nos dias anteriores e posteriores aos jogos é dependente, na maioria dos casos, do nível de adaptação ou recuperação dos jogadores. Tal facto permite-nos inferir que pode existir a necessidade de reajustes no(s) microciclo(s).

Contudo, ao averiguar a concepção de alguns treinadores de Futebol sobre o microciclo tipo, verificamos a existência de diferenças metodológicas. Minano Espín (2002) entende ser importante definir previamente as cargas de treino dos microciclos ao longo da época desportiva, na medida em que o número de jogos por semana condiciona totalmente o planeamento. Assim, de acordo com o autor, deve-se dar prioridade à análise das competições, mas por outro urge ter em conta o calendário competitivo. A partir daí, deve procurar-se dosear o volume e a intensidade do treino, nos microciclos.

Seirul-lo Vargas (1987) considera que a carga de treino deverá ser distinta segundo flutue a competição dentro do ciclo semanal.

Rubio Hernandez e Terán Herrera (2002) consideram que o planeamento da carga e conteúdo (tanto físico como técnico-táctico) do microciclo poderá ser influenciado, também, pelo adversário e pelo facto de ser visitante ou visitado.

Minano Espín (2002) afirma que após minuciosa análise das exigências impostas pelo calendário competitivo e das necessidades reais para os jogadores adquirirem o máximo rendimento, as cargas de treino para os diferentes microciclos são determinadas.

Segundo Seirul-lo Vargas (1987) o controlo das cargas de treino em ciclos superiores a uma semana, em desportos com longo período competitvo, é de difícil realização. O ajuste dessa dinâmica é impossível de adaptar à dinâmica de uma planificação tradicional com períodos de carga lenta e geral.





Relativamente, à união do trabalho físico, do trabalho técnico e do trabalho táctico no seu PT, Minano Espín (2002) considera que não existem apartados diferenciados, onde o que se procura inicialmente é avaliar cuidadosamente a carga que se pode ministrar em cada treino orientando-à para todo o grupo em função do objectivo perseguido. Neste contexto, primeiro planeia o objectivo (táctico, físico...) da sessão de treino e fundamentado neste se desenham as tarefas do trabalho.


O desenho da carga semanal no sistema de "micro-adaptação" é adequado se esta está adequada com os princípios de sobrecompensação (Seirul-lo Vargas, 1987).

Neste sentido, em nosso entender assume importância o relato dos treinadores quando questionados sobre o microciclo padrão:

Peres (2001) declarou que, após caracterizar a sua equipa, tenta encontrar o microciclo tipo, embora no período competitivo, nomeadamente, no início e no meio da época, os microciclos tenham estruturas diferentes das que aparecem no último terço do campeonato. E procura evitar grandes diferenças nos microciclos tipo ao longo da época, embora, as cargas tenham variações já previstas no planeamento. Nesta perspectiva, quando percebe que o modelo de jogo está encontrado, procura estabilizar o tipo de treino e os exercícios, embora nem sempre os mesmos, a realizar em cada um dos treinos que efectua ao longo da semana.

No entanto, Oliveira (2000) afirma que tenta ser o mais fiel possível ao seu microciclo tipo, de modo que os aspectos principais de semana para semana se mantenham, embora, às vezes, o microciclo possa ser de 5 até 10 dias, por diversos motivos, como transmissões televisivas e outras. Porém, dentro do padrão de trabalho para a semana, tentamos adaptar as alterações que vão surgindo, mantendo os aspectos principais, de forma a garantir o referido padrão semanal. Mas a semana padrão simplifica-nos o trabalho por não apresentar grandes alterações na organização do treino, tendo um efeito psicológico muito importante, uma vez que, o jogador sabe que, com aquele trabalho, vai render, por ser aquela actividade que desenvolve regularmente ao longo da semana.

Relativamente, à existência de diferenças nos microciclos tipo ao longo da época, o treinador tido como exemplo considera que há diferenças nas cargas de algumas componentes do treino, mas normalmente os exercícios mantêm-se, operando, porém, alguns ajustamentos na estrutura interna dos mesmos e, sobretudo no contexto técnico-táctico, em função da análise do jogo realizado.


Boloni (2001) refere que nos microciclos utilizados, durante o período pré-competitivo, os treinos são bidiários e com incidência específica na preparação física, sendo diferente a estrutura do microciclo, no período competitivo, quer no menor número de treinos quer na dependência estreita com os jogos realizados e decorrentes necessidades, correcções e estratégias a incluir na preparação táctica da equipa. Por outro lado, sempre que há jogos, no meio da semana, há alterações no microciclo tipo, normalmente no treino físico. Na parte final do campeonato, seja em relação ao menor número de treinos, seja em relação à intensidade que diminui, altera-se a estrutura tipo do microciclo.

De salientar que Boloni (2001) opta pelo planeamento semanal, embora utilize um planeamento quinzenal, com diferenças metodológicas e operacionais quando existem jogos no meio da semana - UEFA ou Taça de Portugal. Mas, quando existe interrupção da competição (jogos de selecção, período natalício, etc.), quase sempre, realizam um estágio de 3 dias, e neste tipo de microciclos intensificam-se os treinos físicos para melhoria dos níveis dos jogadores.

Para Jesus (2001) deve-se caminhar dos aspectos gerais para os aspectos mais específicos impostos pelo Futebol moderno. Assim, utiliza os quatro primeiros microciclos com o objectivo de conseguir um aumento significativo das qualidades físicas. Nas duas semanas seguinte (últimas do período pré-competitivo), já aparecem muitos exercícios e situações que suportam o trabalho do período competitivo, que tem sempre presente a componente técnico-táctica.

Carvalhal (2002b) declarou que, logo nos treinos da primeira semana, tenta criar uma determinada adaptação do organismo a uma estrutura que vai ser padrão ao longo do ano, privilegiando sempre uma forma de jogar, balizada na sua concepção de jogo. A lógica é o organismo não "sofrer" com novas adaptações estruturais e funcionais.



Peseiro (2003) expôs que, actualmente, o microciclo é fundamental no trabalho desenvolvido, mesmo entendendo o plano anual como referência, apesar de, inicialmente na sua actividade como treinador, ter investido muito nos planos/programas anuais. Ainda segundo Peseiro (2003), é essencial desde o primeiro microciclo a aquisição dos princípios e características de jogo a adoptar.


Cajuda (2002) refere que os treinos nos microciclos do período pré-competitivo não são a base fundamental para manter em forma durante toda a época. O mesmo entrevistado, utiliza distintos tipos de microciclos, tendo sempre em conta dois grandes objectivos, a competição e o rendimento global da equipa. E lembra: o treino em Futebol é de tal forma complexo que se torna difícil entender as várias questões como verdades absolutas.

Mourinho (2003) afirma que utiliza um microciclo tipo, elaborado pela equipa técnica, que procura associar os objectivos físicos e técnico-táctico de forma a assegurar o patamar de rendimento considerado ideal. As necessidades da equipa, as carências do jogo anterior e as características do jogo seguinte, servem para orientar a criação de exercícios suplementares ou específicos que ajudam o atleta/equipa a ir ao encontro dessas necessidades.




Contudo, Mourinho (2003) refere que a análise científica dos índices físicos e a observação de oscilações nos comportamentos técnico-tácticos, são dados influenciadores de modificação na estrutura do treino. O entrevistado ainda acrescenta, que a pretensão é jogar de acordo com a sua concepção de jogo, sendo os exercícios específicos utilizados desde o início de acordo com o modelo de jogo adoptado. Neste sentido, o modelo de jogo é o mais importante, incidindo o modelo de treino predominantemente nas componentes táctico-técnica.

O relato dos treinadores nos permite constatar, que os conteúdos e estímulos de treino nos microciclos têm como instrumento "calibrador" o desempenho do jogador/equipa, para e na competição. Os microciclos não são padronizados na totalidade. O treino, sobretudo, nas primeiras semanas do período pré-competitivo não é balizado predominantemente pelo MJA. O guião é o previamente planeado.

No que concerne ao exposto atrás, a nossa posição é a de que o microciclo de treino deve ser padronizado à luz do MJA e guiado por um planeamento dinâmico.

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