quinta-feira, 3 de novembro de 2011

BOLAS PARADAS/ESQUEMAS TÁTICOS: MARCAÇÃO ZONA, MISTA OU HOMEM A HOMEM (HXH)

                                                           
POR: CARLOS CARVALHAL

Será que existe uma forma mais eficaz do que outra para defender cantos e livres? Quem tem como filosofia de jogo princípios defensivos zonais defende também assim nestas situações? E o contrário também acontece? A “zona” não poderá ter marcações individuais? E a marcação individual não poderá ter alguns princípios de “zona”? Estas são algumas questões que vou procurar esclarecer neste artigo.

Para começar a falar de “zona” e HxH teremos que esclarecer estes conceitos.
Entende-se por marcação HxH uma marcação de responsabilização individual, isto é, independentemente de onde estiver o meu adversário, eu vou ser o responsável por anular a sua acção ofensiva. Nesta marcação é importante referir que temos que manter o nosso corpo entre o adversário e a baliza que estamos a defender, não perdendo de vista não só a trajectória da bola, mas principalmente a movimentação do adversário! Reforço aqui a posição dos apoios (nunca deverão estar paralelos) de forma a respondermos rapidamente à acção do adversário.
Defender “zona” é tudo muito mais complexo! A palavra certa é mesmo a complexa, que provém da palavra latina complexus e significa tecido em conjunto! Ao contrário do conhecimento simplificante, que procura isolar o objecto do contexto, o complexo procura situar o objecto no tecido onde está inserido. Podemos aqui falar de ligações e interdependência.
Na “Zona” a ideia é defender em “rede”, ou seja, todos ligados de forma a proteger a nossa baliza. Aqui as referências são: a posição da bola; a minha posição na “rede” de forma a visualizar a posição bola e proteger a baliza; a relação com os meus colegas, definindo aqui qual a minha zona de responsabilidade; e os adversários. Outra ideia importante, é que defender zona, não é usar de passividade bem pelo contrário, é importante fazer uso de uma forte agressividade colectiva, principalmente no ataque à bola.
A escolha do método está relacionada com muitas questões! Os princípios inerentes à forma de jogar (uma ideia de jogo evoluída perspectivando um jogo zonal); os jogadores que temos à nossa disposição, a sua morfologia, o campeonato onde estamos inseridos, a sua atitude defensiva e principalmente a forma na qual os jogadores se sentem mais cómodos em função do seu passado – imaginem uma equipa que está praticamente junta há dois anos e defende HxH com uma eficácia excelente! Não poderá ser um erro mudar para zona? Conheço treinadores com uma filosofia de jogo zonal e defendem aqui individualmente e outros que se balizam muito pelo jogo individual e que defendem “zona”. Embora aqui duvide da eficácia: é que defender à “zona” é defender com uma ideia muito complexa e de acordo com princípios que demoram o seu tempo a maturar.
Vamos analisar na prática algumas situações! Vamos verificar que quem defende HxH faz “zona” no primeiro poste. E que por vezes quem defende “zona” (aqui por uma questão estratégica) também pode usar de marcação individual.
Defender "Zona"

Figura 1

Figura 2

Figura 3
Vemos aqui três diferentes posicionamentos de uma equipa que defende “zona”. Não existem verdades absolutas, nem posicionamentos universais. Devemos escolher o posicionamento que considerarmos mais eficaz.
Na figura 3, verificamos o reforço da protecção do primeiro poste em detrimento de um homem junto ao segundo poste (figura 1).
Na figura 2 para além da protecção ao 1º poste, temos uma zona com duas linhas diferenciadas.
Como verificamos, o canto está a ser marcado com o pé esquerdo (ou direito de trivela), sendo que a bola desenha uma trajectória exterior, logo o posicionamento dos jogadores a defender deve ajustar-se para fora da zona do guarda-redes. O jogador do poste do lado que bate a bola (para fora) pode defender mais dentro do campo, visto que a trajectória da bola é exterior!
Zona do guarda-redes é o espaço que vai da linha de golo até á linha dos seus colegas.
As zonas de acção são definidas pelo espaço que vai da sua exacta posição e a possibilidade que tem de cortar a bola, até à posição do seu colega que está sua frente ou espaço (primeiros jogadores da zona). Em função do movimento dos colegas na acção de atacar a bola, os jogadores devem ajustar o posicionamento de forma a que não aumente os espaços entre si. Ou seja, ao movimento do primeiro homem da zona em aproximação á bola deve corresponder um movimento concertado de todos os colegas que estão atrás deste.

Figura 4
Jogador “A” movimentou-se (para a frente) após o canto ser batido, os jogadores atrás taparam o “buraco” deixado por este e todos os colegas ajustaram o seu posicionamento de forma concertada.

Figura 5
Aqui vemos um canto batido com o pé direito, ou seja, a bola descreve uma trajectória interior! Como verificamos o posicionamento zonal, está mais perto da pequena área, ajustando-se à possível trajectória da bola. O jogador A está “dentro” da zona, não deve merecer particular atenção porque está na zona do guarda-redes.

Figura 6
Aqui temos um exemplo de uma marcação Zonal com preocupações individualizadas (jogadores “1” e “2” fazem marcação HxH) sobre dois jogadores adversários. Marcação esta que poderá ser utilizada quando a equipa adversária tem jogadores que realmente são fortíssimos no jogo aéreo.

Figura 7
Marcação individual.
Na figura 7 vemos um exemplo de marcação individual! A responsabilização é individualizada: “cada um marca o seu”! Importante é visualizar a bola e o adversário, protegendo sempre a baliza, com os apoios nunca paralelos relativamente ao adversário de forma a reagirmos rapidamente à desmarcação. O jogador X está a ter um comportamento zonal de defesa do 1º poste e o “P” está a proteger o primeiro poste.
Não tenho a intenção de influenciar as vossas escolhas, apenas pretendi demonstrar algumas variantes de colocação de jogadores neste tipo de lances. A partir destes, existe um sem número de variantes que terão muito a ver com as nossas ideias, mas também com os jogadores que temos à disposição. Importante é trabalharmos naquilo em que acreditamos e obviamente termos eficácia.
Numa outra oportunidade abordaremos algumas possibilidades de contrariar estes dois métodos defensivos.

FONTE: http://www.coachcarvalhal.com

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