"O
futebol e a sua organização e profissionalismo tem que ser repensados
de alto a baixo, para tanto urge trazer de volta a matriz desportiva,
até agora soterrada pelo negócio e a indústria." (Bento, 2008)
O texto aborda assuntos interessantes sobre aquisição e recuperação em relação ao treino.
O texto nos fala sobre treinar sempre em condições de frescura, ou seja, sem fadiga. Resultando, com isso, numa Resiliência Orgânica que provocaria adaptações positivas ao organismo do atleta.
Vamos então ao significado de RESILIÊNCIA: segundo o Dicionário Aurélio, Resiliência é
a Propriedade pela qual a energia armazenada em um corpo deformado é
devolvida quando cessa a tensão causadora de tal de formação elástica.
Em outras palavras, um organismo resiliente desenvolve
a capacidade de recuperar-se e moldar-se novamente a cada obstáculo e a
cada desafio (estímulo). Quando mais resiliente for o organismo maior
será o desenvolvimento.
Desta
forma, o artigo tenta nos mostrar a importância da recuperação no
treino de futebol e entre as sessões de treino. Temos obsessão pela
aquisição e esquecemos que existem dois lados de uma mesma moeda
(que é única e indissociável). É por demais controverso não dar a devida
importância para a recuperação, e 'perder tempo' treinando coisas que
nada tem a ver com o jogar da equipe. Escolher treinar de forma não
específica do que salvaguardar os atletas para o próximo treino parece,
nesse contexto no qual se refere o artigo, um grave erro metodológico.
Tomando
como base a Periodização Tática e o Morfociclo Padrão com o Princípio
da Alternância Horizontal em Especificidade devemos levar em conta o
tipo de esforço (tensão, duração e velocidade) distribuídos em cada dia
da semana. Elege-se a Quarta, Quinta e Sexta-Feira como dias de aquisição, embora saibamos que todas as sessões contemplam o Binômio Aquisição-Recuperação.
Com
relação à densidade (relação proporcional entre o tempo de exercitação e
o respectivo repouso) dos diferentes dias o artigo nos propõe o
seguinte:
- Segunda-Feira: Folga
- Terça-Feira (Dia da Sub-Dinâmica - Recuperação Ativa): 1/8 - 1/9
- Quarta-Feira (Dia da Sub-Dinâmica - Tensão): 1/4
- Quinta-Feira (Dia da Sub-Dinâmica - Duração): 3/1 - 4/1
- Sexta-Feira (Dia da Sub-Dinâmica - Velocidade): 1/8 - 1/9
- Sábado (Dia da Sub-Dinâmica - Recuperação Ativa): 1/10
- Domingo: Jogo
Diante
do que foi exposto, fica visível uma preocupação em deixar o atleta
sempre fresco para um novo estímulo, criando dessa forma uma
adaptabilidade específica decorrente de uma perfeita operacionalização
do Morfociclo Padrão, respeitando os princípios da Especificidade, da
Alternância Horizontal em Especificidade, da Progressão Complexa e das
Propensões desde o primeiro dia de treino.
Já
presenciei treinadores gostarem de trabalhar sempre em fadiga, com o
pretexto de se criar no organismo uma adaptabilidade sobre a mesma. Ou
seja, em sua ótica, estando a trabalhar sobre a fadiga, logo logo o
organismo 'encontraria' um meio de se adaptar à esse cenário e criaria
uma resistência maior aos estímulos presentes no jogo. Isso parece-me
meio militarista, tal e qual o Preparador Físico que sente-se bem ao ver
um atleta seu com ânsia de vômito durante um exercício intenso e
extenuante. Esse quadro pode-se facilmente transformar-se numa Fadiga
Crônica por conta de um desajuste do 'volume' de trabalho e repouso, por excesso de treino. O
mais engraçado é, depois de tudo isso, apoiar-se em suplementos,
crioterapia, piscinas, corridinhas de baixa intensidade e etc. para
'acelerar' a recuperação desse mesmo atleta. Sobre isso, recorro a uma
citação do professor Jorge Maciel:
" O recurso a tais meios poderá constituir-se como um estorvo e até de certa forma como uma dependência por parte do organismo em relação àquele que é um dos meus objetivos com o treino. O Professor Vítor Frade tem uma expressão muito boa relativamente ao que tento referir, quando diz que recorrer a esses meios consiste em “dar muletas ao corpo”."
" O recurso a tais meios poderá constituir-se como um estorvo e até de certa forma como uma dependência por parte do organismo em relação àquele que é um dos meus objetivos com o treino. O Professor Vítor Frade tem uma expressão muito boa relativamente ao que tento referir, quando diz que recorrer a esses meios consiste em “dar muletas ao corpo”."
Creio
que tudo se resume ao treinar em Especificidade. Quero dizer com isso
que, treinando de forma Específica a minha ideia de Modelo de Jogo, irei
priorizar a qualidade do treino e não a quantidade. Desta forma não
perco tempo com coisas alheias ao jogo que de nada servem além de (na
maioria das vezes) 'encher linguiça' e mostrar aos Diretores,
Jogadores, Torcedores que 'treina-se' muito.
GILTERLAN FERREIRA
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