Venho
somente transcrever um artigo que o professor Rodrigo Leitão escreveu,
em 2009, para o site: www.universidadedofutebol.com.br
Certos
fenômenos precisam ser observados por um tempo, que tem que ser o tempo
do 'próprio fenômeno', e não o tempo que nós damos a ele.
A
preparação física no futebol vem evoluindo e sofrendo constantes
transformações desde que passou a ser formalizada nas sessões de
treinamento das equipes. No mundo todo, a organização do processo de
treinamento desportivo também passou por modificações, que, de certa
forma, influenciaram as transformações que se refletiram no futebol.
Recentemente,
o responsável pela preparação física da equipe do FC Barcelona,
Francisco Seirul-lo Vargas (está lá, nesse trabalho, desde 1994), em um
congresso na Espanha, surpreendeu a todos (ou quase todos), e, inclusive
ao renomado cientista do treinamento Jurgen Weineck – presente no
evento –, em sua explanação, mostrando que em sua equipe os treinamentos
“físicos” são realizados de maneira integrada aos objetivos do
treinador e são elaborados para contribuir com a construção do modelo de
jogo adotado pelo FC Barcelona.
Francisco Seirul lo Vargas
Seus
treinos, então, pautados no jogo a ser jogado, distinguem-se do que
tradicionalmente são adotados como modelo, meios e métodos de
treinamento. As avaliações dos jogadores são qualitativas, realizadas no
próprio jogo. Não há RASTs, Yo-Yos, testes de velocidade de limiar de
lactato, altura de salto, etc., etc., etc. A melhor avaliação –
parafraseando alguns presentes no evento –, é o futebol apresentado e o
resultado dos jogos.
Claro,
isso não quer dizer que devamos parar tudo, jogar fora décadas de
treinos, e começar novamente de outro jeito. É inegável que métodos
tradicionais têm conquistado grandes resultados – isso é um fato. O que
quero destacar é que, primeiro, para a contextualização de um mesmo
problema, caminhos diversos podem ser adotados como solução, e, esses
caminhos, em curto e médio prazo (ah, o tempo!), podem não apresentar
diferenças aparentes nos resultados obtidos; segundo, já faz algum tempo
que um grupo (pequeno) de pessoas aqui no Brasil (treinadores de
futebol, professores, cientistas) está apontando para o caminho descrito
pelo preparador físico do FC Barcelona (inclusive com maiores avanços
em algumas coisas), mas como o bom capital simbólico dessas pessoas está
concentrado em alguns poucos nichos, a informação acaba não se
disseminando.
Sobre
o primeiro “destaque”, quero dizer, apoiado em um Prêmio Nobel, o
pesquisador Ilya Prigogine, que certos fenômenos precisam ser observados
por um tempo, que tem que ser o tempo do “próprio fenômeno”, e não o
tempo que nós damos, sem saber, para ele. Então, se por enquanto,
aparentemente, caminhos diferentes têm levado a bons resultados,
aguardemos pelo que virá – e aos meus olhos, ao menos o jogar do FC
Barcelona já me parece bem diferente de alguns outros.
Sobre
o segundo “destaque”, quero dizer, que façamos essa forma diferente da
tradicional, de pensar a preparação desportiva, atingir rapidamente os
alvos certos (os nossos treinadores de ponta, os preparadores físicos,
os dirigentes). Nossos “pensadores da práxis” precisam ser ouvidos. Não
dá para esperar o FC Barcelona ganhar mais um jogo (porque tem gente que
vai acreditar, que o problema são só as “cifras”).
Então,
pessoal, falem para o Juca (o Kfouri), quem sabe ele escuta, e convida
um deles para uma entrevista na ESPN; ou então falem ao Jô (o Soares,
para uma conversa inteligente), o Trajano, o Tostão, sei lá...
Só não me venham com o Galvão...
Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br
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